ADESG - XXVI CEPE DE VITÓRIA
DISCURSO DE
FORMATURA 12-11-2011
SAUDAÇÕES:
1)
Ricardo Antonio
Bergman – Delegado da ADESG ES
2)
Coronel Augusto
Massad Gomes da Silva – Cmte 38 BI
3)
Capitão de Mar e
Guerra Rogério Paulo Val de Araújo – Capitão dos Portos em Vitória.
4)
Capitão de
Corveta Luiz Afonso de Castro – Imediato da EAMES
5)
Reitor da UVV –
Manoel Ceciliano Salles de Almeida.
6)
Elias Moyses Cauê
– Governador do Distrito 4410 – Rotary Club
7)
Aloysio Geraldo
Tavares da Silva – Delegado Honorário da Adesg/ES.
8)
Sérgio Capovilla
– Presidente da ACORES
9)
Capitão tenente
Nelson Coelho – Diretor da ADESG
10)Carlos
Alberto de Rocha Pádua – Coordenador do CEPE XXVI
11)João
Torezani – Diretor da Adesg
12)Dra.
Cláudia Torres Sasso – Promotora de Justiça.
13)Diretores,
Adesguianos, Senhores e Senhoras.
Não
é pequena a emoção que me submete neste momento. Primeiro por representar um
grupo muito especial; segundo pela gratidão que todos sentimos em relação àqueles
que nos acompanharam nesse período de formação, com muita dedicação e carinho.
Terceiro pela oportunidade de construir em nossas mentes e corações uma
doutrina que nos faz diferente. Tenho certeza que antes do curso mesmo para os
mais experientes havia um sentimento, mas hoje qualquer convicção foi
aperfeiçoada.
A
visão da pátria e a consciência do bem da nação são objetivos da Escola
Superior de Guerra que contagia as ADESGUES por todo território nacional. Sobre
essas estratégias é que como estagiários nos debruçamos nos últimos meses.
Fazer-me
entender pelas palavras, mesmo que rápidas, todo envoltório de significação que
se impõe é a minha difícil missão nesta noite, mas a ela me dedico com
transparência.
O
som mais extraordinário que existe é o da voz humana. Não existe som mais alto
no mundo que o da voz humana quando se diz a verdade. A convivência com a
verdade assegura a liberdade, porquanto conhecereis
a verdade e a verdade vos libertara.
Quando
nos apoiamos nesse paradigma estabelecemos um perfeito encontro entre verdade e
razão porque o lógico da verdade está dentro dos limites da razão; não adiantam
sofismas, não adiantam retóricas fáceis para macular a verdade das virtudes. Se
as virtudes não forem mantidas através dos tempos o que se colherá será a
anarquia, o desrespeito e uma completa inversão de valores.
Aristóteles
com relação à felicidade assim se manifestou: “A felicidade não é alcançada
pelos prazeres, mas sim por uma vida virtuosa”. Vida virtuosa é vida de
virtudes e as virtudes devem ser escalonadas nos limites da legalidade e da
verdade.
O
percurso do que é virtuoso não é fácil, mas se desejamos ao final desfrutar da
felicidade a opção está nos caminhos da virtude. Quem faz uma opção diferente
embrenhando-se pelos desvios das facilidades no contexto social pensa que
engana a todos e até a sim mesmo, mas a nação pensante está atenta esperando uma
voz de comando para restabelecer a ordem dos costumes.
Carl
Jung sobre os sonhos assim disse: “O homem que olha para fora pode sonhar, mas
aquele que só olha para dentro está morto”.
O
Brasil vive sob o impacto do “só levar vantagem em tudo”. Essa perversa
doutrina impede o homem de olhar além de
si mesmo, e assim ele só observa o seu interesse. Quem assim faz imagina-se
absoluto e auto-suficiente ignorando que somente pela visão do bem coletivo é
que podemos desfrutar de harmonia e felicidade.
A
cultura do eu tem pervertido os costumes e lançado na desgraça milhões de
pessoas através do mundo. Não importa o eu, não importa somente o bem de uma
família, mas sim a estabilidade de todas as famílias porque elas são as células
da pátria.
Ilustração da Professora:
(Em
uma região dos Estados Unidos, uma professora morava em uma cidade e dava aula
em outra; diariamente ela se deslocava usando o trem como transporte; embarcava
e sentava-se em seu lugar, fechava a janela para não ver a região desértica e
feia do lado de fora; abria sua bolsa e se ocupava em fazer tricô durante toda
a viagem. Um dia ela tomou uma decisão: comprou sementes de plantas e flores
diversas e começou a lançar pela janela durante sua viagem. Um dia sentava-se
do lado direito e no outro do lado esquerdo. Ao final de algum tempo a natureza
respondeu e aquela região tornou-se esplendida; flores brotaram e plantas de
diversos matizes, com essa recuperação a fauna também retornou e o ambiente
ficou de uma beleza extraordinária. Agora ela não mais fazia tricô e não mais
fechava a janela porque ficava durante toda a viagem apreciando os resultados
de sua iniciativa. Os outros passageiros que vinham de lugares mais distantes
admiravam-se diante da diferença que viam naquela região e se perguntavam o porquê
dessa diferença. Percebendo essas admirações ela alegrava-se silenciosamente,
mas consciente que sua iniciativa fazia bem a todos).
Essa
ilustração muito embora advinda de um fato real nos traz uma forma emblemática.
O trem representa a nossa vida a professora e os outros passageiros desse trem somos nós e o panorama
externo, é a visão da pátria convivendo com o estilo democrático.
Como
devemos vivenciar nossa viagem? Fechando nossas janelas, fazendo tricô e apenas
aguardando chegar às estações de nossos interesses? Se assim fizermos à pátria
continuará desolada do lado de fora.
Não
importa de que lado do trem estamos assentados até porque a noção de esquerda e
direita no campo político é uma geometria importada que talvez em algum tempo
da história tenha sido interessante, mas agora os modelos radicais foram
aniquilados pelos interesses corporativos, perderam suas cores originais e para
incautos só servem como maquiagem dogmática inadequada.
Impõe-se
em nossa viagem a capacidade de iniciativa por mais simples que seja em viver
uma vida cidadã saudável, contribuista e participativa. O bem de uma cidade ou
de uma nação começa no individual para se expandir no coletivo. Se cada um
fizer o seu papel os frutos serão vistosos porque a natureza e a providencia de
DEUS se manifestará.
No
panorama externo desse trem da vida temos do lado de fora passando velozmente a
pátria operada pela ferramenta da democracia. Mas qual democracia está
vigorando?
PRESSUPOSTOS DEMOCRÁTICOS
“A raiz da democracia na sociedade contemporânea
precisa ser rediscutida”
Justificativa:
Não
tenho dados históricos suficientes para apontar em que momentos e em que
lugares a idéia de democracia afastou-se de seu objetivo fundamental;
essa deturpação aconteceu inúmeras vezes e em inúmeros lugares do mundo gerando
uma criatura dissimulada para servir de ferramenta, nas mãos de pessoas que se
apresentam junto às massas populares com discursos persuasivos de grande
motivação e impacto. Mas essa pesquisa histórica perde importância para a
realidade constatada; é essa realidade democrática que desejamos?
A palavra Democracia vem do grego (demo+kratos);
Demo quer dizer povo e a palavra (κράτος = krátos), quer dizer (força,
poder). Com essa conjugação de palavras e suas significações estabeleceu-se o
princípio governamental em que o poder e a força é do povo, vem do povo e
está com o povo que por um periodo outorga a alguem, mas continua sendo do
povo.
A ideia de Nação supera a ideia de Estado; Nação é
o povo que tem o poder; o Estado é a máquina a serviço da nação e o governo é o
operador temporário dessa máquina, o executor do poder da Nação. Não pode
existir Estado sem Nação, porque o Estado existe dentro da nação e sua função é
serví-la. O Estado brasileiro só pode existir a serviço da Nação brasileira e
não o contrário. O Estado constituido por pessoas delegadas é temporário, mas a
nação é uma realidade constante. Os objetivos fundamentais da Nação devem ser
os alvos dos objetivos de Estado e dos objetivos de governo. O principal
objetivo da Nação é o bem de todos.
Quando o Estado se torna déspota a Nação não vive
uma democracia; quando o Estado se transforma em um peso para a Nação
decorrente de sua estrutura aumentada e incompetente a Nação sofre a inversão
de sua força e isso também não é democracia.
A Nação é constituida por todos que nela habitam: capazes
e incapazes. Os capazes são os gestores da Nação que elegem pessoas
igualmente capazes para administrar seu patrimonio e os serviços nacionais. É
dever do grupo capaz estejam eles como eleitores ou como eleitos cuidar e zelar
pelo bem e desenvolvimento de todos.
A
origem grega da democracia onde as polis se reuniam no areópago constituindo
uma Iglesias, pressupõe que todos os que ali compareciam estavam dotados da capacidade
de decidir as propostas sociais que eram apresentadas pelos seus
representantes.
O
universo eleitoral nacional está hoje constituído em sua totalidade por
capazes? É dever do Estado dotar todos de capacidade decisória. A capacidade
decisória não é um fenômeno limitado ao plano político, mas principalmente
alcança a vida pessoal e é desse conjunto de capacidades que uma nação revela
sua produção e riqueza. A capacidade do Brasil não está só no seu solo, em suas
reservas financeiras ou em riquezas naturais, está muito mais na capacidade
latente do povo brasileiro que se for desenvolvido certamente mostrará seus
resultados.
A
complexidade das relações comerciais e dos sistemas que envolvem toda a sociedade
exige desta, capacidade de maior discernimento para conviver com decisões que
abordem planos ou estratégias mais sofisticadas. Viver hoje e a cada dia em um
mundo cercado por tecnologias obriga seus cidadãos a orientações que vão muito
além das teclas de um celular; As soluções sociais não acontecem sem
estratégias pragmáticas, exeqüíveis e bem planejadas. Alcançar e compreender
isso exige das pessoas um mínimo de capacidade nas decisões de suas
vidas. Sem esse mínimo de capacidade o indivíduo se deixa levar por
shows eleitorais, simpatias pessoais e outras formas de persuasão e até
pressão.
Todas
as tendências pedagógicas reconhecem que a informação, seja acadêmica ou outra
qualquer tem o condão de esclarecer, instruir, capacitar o individuo para melhor
decidir seu destino. Pessoas que por desinteresse ou desassistência do Estado
não alcançam esse mínimo de informação constituem-se em grupos sem capacidade
mínima do exercício democrático.
O
direito pessoal é uma conquista. Quando o ser humano nasce se constitui em
direito de viver, prosperar e ser protegido pelo Estado em suas necessidades
elementares. Quando o ser humano desenvolve maior capacidade de se perceber em
sociedade adquire também a capacidade de escolher; escolha profissional,
pessoal e política.
DEMOCRACIA E VALOR DEMOCRÁTICO
Assim
como a idéia de democracia está ligada diretamente à idéia de capacidade, a
idéia de decisão está ligada diretamente à idéia de valor. Não existe decisão
sensata buscando o pior ou o menor valor; quem assim o faz revela que não tem
capacidade para decidir. Decisão tomada por quem não tem capacidade logo não
tem valor. Quem insiste num processo que outorga direito de decisão para quem
não tem essa capacidade é cúmplice na desvalorização da democracia traindo sua
principal raiz.
Os
grupos que na cultura grega foram classificados para não disporem do direito de
decisão social, não o foram pela motivação preconceituosa; mas sim levando em
consideração a importância do valor da decisão para o destino social das polis.
Então
os criadores da democracia desenharam uma raiz projetando para nós nos dias de
hoje um retrato nítido da proposta que hoje trazemos vinculando democracia à
capacidade de decisão e esta a noção de valor.
Não
se pode quebrar uma cadeia de comando; aliás, preciso concluir para eu mesmo
não quebrar isso neste momento.
Nos
primórdios da criação DEUS determinou um comando ao homem: Crescer e multiplicar-se. O homem vem invertendo essa ordem em
vez de crescer tem se multiplicado e com isso abandonado a prioridade do
crescimento. Toda vez que uma ordem é invertida o resultado é a desordem e a
anarquia.
O
lema positivista que ostenta a bandeira brasileira “ORDEM E PROGRESSO, nos
induz a consideração da importância de observarmos um sentido de ordem para
podermos colher progresso. Não colheremos progresso com as inversões de valores
que diariamente vemos pela sociedade brasileira. Ambiente escolar de intrigas,
violências e tumultos e sem nenhuma noção cívica; ambiente familiar em
desarmonia pela quebra da hierarquia familiar, uma sociedade com nervos a flor
da pele gerando tragédias no convívio social pelos motivos mais absurdos.
Não
colheremos progresso se palácios forem construídos para um povo descalço; não
colheremos progresso se este não for estendido a todos em suas necessidades
elementares; não colheremos progresso sem que exista uma educação eficiente
ministrada por professores bem preparados e remunerados; não colheremos
progresso enquanto as defesas nacionais não forem bem equipadas e operadas por
força humana igualmente prestigiada. Não colheremos progresso quando a justiça
deixa de ser o parâmetro da verdade encolhida pelo direito legislado pelas
conveniências e interesses corporativos. Não podemos esquecer que nem tudo que
é direito é justo, portanto entre a justiça e o direito a cadeia de comando nos
aconselha optar pela justiça.
A
começar por mim, muda coração para que sejamos todos um em um grito solene da
nação, não a eterna nação do futuro, mas a do presente porque o trem da vida não
se destina apenas as gerações futuras, mas é justo que atenda as gerações
atuais.
Não
quero ficar a toa na vida debruçado numa janela mesmo ao lado de um grande
amor, só para ver a banda passar. O Brasil do presente só será bom no futuro se
hoje partirmos para uma ação conjunta que restabeleça o ordenamento de valores
e cada um cumpra com o seu dever nos limites de sua realidade, seja ela pequena
ou grande, seja subordinada ou de domínio.
Meu
estímulo nesta noite é para que não mais fechemos nossa janela em nossa viagem,
não mais façamos tricô ignorando o inóspito que passa do lado de fora, mas
busquemos nas mais simples iniciativas a contribuição para o BRASIL DO
PRESENTE.
A
valorização da família e a recuperação da sua mais absoluta hierarquia certamente
redundará no bem da nação porque só existirá nação forte se suas famílias forem
fortes e bem organizadas.
Muito
obrigado.