terça-feira, 22 de novembro de 2011

ADESG - XXVI CEPE DE VITÓRIA - DISCURSO DE FORMATURA - 12-11-2011


ADESG - XXVI CEPE DE VITÓRIA 
DISCURSO DE FORMATURA 12-11-2011

SAUDAÇÕES:
1)     Ricardo Antonio Bergman – Delegado da ADESG ES
2)     Coronel Augusto Massad Gomes da Silva – Cmte 38 BI
3)     Capitão de Mar e Guerra Rogério Paulo Val de Araújo – Capitão dos Portos em Vitória.
4)     Capitão de Corveta Luiz Afonso de Castro – Imediato da EAMES
5)     Reitor da UVV – Manoel Ceciliano Salles de Almeida.
6)     Elias Moyses Cauê – Governador do Distrito 4410 – Rotary Club
7)     Aloysio Geraldo Tavares da Silva – Delegado Honorário da Adesg/ES.
8)     Sérgio Capovilla – Presidente da ACORES
9)     Capitão tenente Nelson Coelho – Diretor da ADESG
10)Carlos Alberto de Rocha Pádua – Coordenador do CEPE XXVI
11)João Torezani – Diretor da Adesg
12)Dra. Cláudia Torres Sasso – Promotora de Justiça.
13)Diretores, Adesguianos, Senhores e Senhoras.

Não é pequena a emoção que me submete neste momento. Primeiro por representar um grupo muito especial; segundo pela gratidão que todos sentimos em relação àqueles que nos acompanharam nesse período de formação, com muita dedicação e carinho. Terceiro pela oportunidade de construir em nossas mentes e corações uma doutrina que nos faz diferente. Tenho certeza que antes do curso mesmo para os mais experientes havia um sentimento, mas hoje qualquer convicção foi aperfeiçoada.

A visão da pátria e a consciência do bem da nação são objetivos da Escola Superior de Guerra que contagia as ADESGUES por todo território nacional. Sobre essas estratégias é que como estagiários nos debruçamos nos últimos meses.

Fazer-me entender pelas palavras, mesmo que rápidas, todo envoltório de significação que se impõe é a minha difícil missão nesta noite, mas a ela me dedico com transparência.

O som mais extraordinário que existe é o da voz humana. Não existe som mais alto no mundo que o da voz humana quando se diz a verdade. A convivência com a verdade assegura a liberdade, porquanto conhecereis a verdade e a verdade vos libertara.

Quando nos apoiamos nesse paradigma estabelecemos um perfeito encontro entre verdade e razão porque o lógico da verdade está dentro dos limites da razão; não adiantam sofismas, não adiantam retóricas fáceis para macular a verdade das virtudes. Se as virtudes não forem mantidas através dos tempos o que se colherá será a anarquia, o desrespeito e uma completa inversão de valores.

Aristóteles com relação à felicidade assim se manifestou: “A felicidade não é alcançada pelos prazeres, mas sim por uma vida virtuosa”. Vida virtuosa é vida de virtudes e as virtudes devem ser escalonadas nos limites da legalidade e da verdade.

O percurso do que é virtuoso não é fácil, mas se desejamos ao final desfrutar da felicidade a opção está nos caminhos da virtude. Quem faz uma opção diferente embrenhando-se pelos desvios das facilidades no contexto social pensa que engana a todos e até a sim mesmo, mas a nação pensante está atenta esperando uma voz de comando para restabelecer a ordem dos costumes.

Carl Jung sobre os sonhos assim disse: “O homem que olha para fora pode sonhar, mas aquele que só olha para dentro está morto”.

O Brasil vive sob o impacto do “só levar vantagem em tudo”. Essa perversa doutrina impede o homem de olhar além de si mesmo, e assim ele só observa o seu interesse. Quem assim faz imagina-se absoluto e auto-suficiente ignorando que somente pela visão do bem coletivo é que podemos desfrutar de harmonia e felicidade.

A cultura do eu tem pervertido os costumes e lançado na desgraça milhões de pessoas através do mundo. Não importa o eu, não importa somente o bem de uma família, mas sim a estabilidade de todas as famílias porque elas são as células da pátria.

Ilustração da Professora:

(Em uma região dos Estados Unidos, uma professora morava em uma cidade e dava aula em outra; diariamente ela se deslocava usando o trem como transporte; embarcava e sentava-se em seu lugar, fechava a janela para não ver a região desértica e feia do lado de fora; abria sua bolsa e se ocupava em fazer tricô durante toda a viagem. Um dia ela tomou uma decisão: comprou sementes de plantas e flores diversas e começou a lançar pela janela durante sua viagem. Um dia sentava-se do lado direito e no outro do lado esquerdo. Ao final de algum tempo a natureza respondeu e aquela região tornou-se esplendida; flores brotaram e plantas de diversos matizes, com essa recuperação a fauna também retornou e o ambiente ficou de uma beleza extraordinária. Agora ela não mais fazia tricô e não mais fechava a janela porque ficava durante toda a viagem apreciando os resultados de sua iniciativa. Os outros passageiros que vinham de lugares mais distantes admiravam-se diante da diferença que viam naquela região e se perguntavam o porquê dessa diferença. Percebendo essas admirações ela alegrava-se silenciosamente, mas consciente que sua iniciativa fazia bem a todos).

Essa ilustração muito embora advinda de um fato real nos traz uma forma emblemática. O trem representa a nossa vida a professora e os outros  passageiros desse trem somos nós e o panorama externo, é a visão da pátria convivendo com o estilo democrático.

Como devemos vivenciar nossa viagem? Fechando nossas janelas, fazendo tricô e apenas aguardando chegar às estações de nossos interesses? Se assim fizermos à pátria continuará desolada do lado de fora.

Não importa de que lado do trem estamos assentados até porque a noção de esquerda e direita no campo político é uma geometria importada que talvez em algum tempo da história tenha sido interessante, mas agora os modelos radicais foram aniquilados pelos interesses corporativos, perderam suas cores originais e para incautos só servem como maquiagem dogmática inadequada.

Impõe-se em nossa viagem a capacidade de iniciativa por mais simples que seja em viver uma vida cidadã saudável, contribuista e participativa. O bem de uma cidade ou de uma nação começa no individual para se expandir no coletivo. Se cada um fizer o seu papel os frutos serão vistosos porque a natureza e a providencia de DEUS se manifestará.

No panorama externo desse trem da vida temos do lado de fora passando velozmente a pátria operada pela ferramenta da democracia. Mas qual democracia está vigorando?

PRESSUPOSTOS DEMOCRÁTICOS

“A raiz da democracia na sociedade contemporânea precisa ser rediscutida”

Justificativa:
Não tenho dados históricos suficientes para apontar em que momentos e em que lugares a idéia de democracia afastou-se de seu objetivo fundamental; essa deturpação aconteceu inúmeras vezes e em inúmeros lugares do mundo gerando uma criatura dissimulada para servir de ferramenta, nas mãos de pessoas que se apresentam junto às massas populares com discursos persuasivos de grande motivação e impacto. Mas essa pesquisa histórica perde importância para a realidade constatada; é essa realidade democrática que desejamos?

A palavra Democracia vem do grego (demo+kratos); Demo quer dizer povo e a palavra (κράτος = krátos), quer dizer (força, poder). Com essa conjugação de palavras e suas significações estabeleceu-se o princípio governamental em que o poder e a força é do povo, vem do povo e está com o povo que por um periodo outorga a alguem, mas continua sendo do povo.

A ideia de Nação supera a ideia de Estado; Nação é o povo que tem o poder; o Estado é a máquina a serviço da nação e o governo é o operador temporário dessa máquina, o executor do poder da Nação. Não pode existir Estado sem Nação, porque o Estado existe dentro da nação e sua função é serví-la. O Estado brasileiro só pode existir a serviço da Nação brasileira e não o contrário. O Estado constituido por pessoas delegadas é temporário, mas a nação é uma realidade constante. Os objetivos fundamentais da Nação devem ser os alvos dos objetivos de Estado e dos objetivos de governo. O principal objetivo da Nação é o bem de todos.

Quando o Estado se torna déspota a Nação não vive uma democracia; quando o Estado se transforma em um peso para a Nação decorrente de sua estrutura aumentada e incompetente a Nação sofre a inversão de sua força e isso também não é democracia.

A Nação é constituida por todos que nela habitam: capazes e incapazes. Os capazes são os gestores da Nação que elegem pessoas igualmente capazes para administrar seu patrimonio e os serviços nacionais. É dever do grupo capaz estejam eles como eleitores ou como eleitos cuidar e zelar pelo bem e desenvolvimento de todos.

A origem grega da democracia onde as polis se reuniam no areópago constituindo uma Iglesias, pressupõe que todos os que ali compareciam estavam dotados da capacidade de decidir as propostas sociais que eram apresentadas pelos seus representantes.

O universo eleitoral nacional está hoje constituído em sua totalidade por capazes? É dever do Estado dotar todos de capacidade decisória. A capacidade decisória não é um fenômeno limitado ao plano político, mas principalmente alcança a vida pessoal e é desse conjunto de capacidades que uma nação revela sua produção e riqueza. A capacidade do Brasil não está só no seu solo, em suas reservas financeiras ou em riquezas naturais, está muito mais na capacidade latente do povo brasileiro que se for desenvolvido certamente mostrará seus resultados.

A complexidade das relações comerciais e dos sistemas que envolvem toda a sociedade exige desta, capacidade de maior discernimento para conviver com decisões que abordem planos ou estratégias mais sofisticadas. Viver hoje e a cada dia em um mundo cercado por tecnologias obriga seus cidadãos a orientações que vão muito além das teclas de um celular; As soluções sociais não acontecem sem estratégias pragmáticas, exeqüíveis e bem planejadas. Alcançar e compreender isso exige das pessoas um mínimo de capacidade nas decisões de suas vidas. Sem esse mínimo de capacidade o indivíduo se deixa levar por shows eleitorais, simpatias pessoais e outras formas de persuasão e até pressão.

Todas as tendências pedagógicas reconhecem que a informação, seja acadêmica ou outra qualquer tem o condão de esclarecer, instruir, capacitar o individuo para melhor decidir seu destino. Pessoas que por desinteresse ou desassistência do Estado não alcançam esse mínimo de informação constituem-se em grupos sem capacidade mínima do exercício democrático.

O direito pessoal é uma conquista. Quando o ser humano nasce se constitui em direito de viver, prosperar e ser protegido pelo Estado em suas necessidades elementares. Quando o ser humano desenvolve maior capacidade de se perceber em sociedade adquire também a capacidade de escolher; escolha profissional, pessoal e política.


DEMOCRACIA E VALOR DEMOCRÁTICO

Assim como a idéia de democracia está ligada diretamente à idéia de capacidade, a idéia de decisão está ligada diretamente à idéia de valor. Não existe decisão sensata buscando o pior ou o menor valor; quem assim o faz revela que não tem capacidade para decidir. Decisão tomada por quem não tem capacidade logo não tem valor. Quem insiste num processo que outorga direito de decisão para quem não tem essa capacidade é cúmplice na desvalorização da democracia traindo sua principal raiz.

Os grupos que na cultura grega foram classificados para não disporem do direito de decisão social, não o foram pela motivação preconceituosa; mas sim levando em consideração a importância do valor da decisão para o destino social das polis.

Então os criadores da democracia desenharam uma raiz projetando para nós nos dias de hoje um retrato nítido da proposta que hoje trazemos vinculando democracia à capacidade de decisão e esta a noção de valor.

Não se pode quebrar uma cadeia de comando; aliás, preciso concluir para eu mesmo não quebrar isso neste momento.

Nos primórdios da criação DEUS determinou um comando ao homem: Crescer e multiplicar-se. O homem vem invertendo essa ordem em vez de crescer tem se multiplicado e com isso abandonado a prioridade do crescimento. Toda vez que uma ordem é invertida o resultado é a desordem e a anarquia.

O lema positivista que ostenta a bandeira brasileira “ORDEM E PROGRESSO, nos induz a consideração da importância de observarmos um sentido de ordem para podermos colher progresso. Não colheremos progresso com as inversões de valores que diariamente vemos pela sociedade brasileira. Ambiente escolar de intrigas, violências e tumultos e sem nenhuma noção cívica; ambiente familiar em desarmonia pela quebra da hierarquia familiar, uma sociedade com nervos a flor da pele gerando tragédias no convívio social pelos motivos mais absurdos.

Não colheremos progresso se palácios forem construídos para um povo descalço; não colheremos progresso se este não for estendido a todos em suas necessidades elementares; não colheremos progresso sem que exista uma educação eficiente ministrada por professores bem preparados e remunerados; não colheremos progresso enquanto as defesas nacionais não forem bem equipadas e operadas por força humana igualmente prestigiada. Não colheremos progresso quando a justiça deixa de ser o parâmetro da verdade encolhida pelo direito legislado pelas conveniências e interesses corporativos. Não podemos esquecer que nem tudo que é direito é justo, portanto entre a justiça e o direito a cadeia de comando nos aconselha optar pela justiça.

A começar por mim, muda coração para que sejamos todos um em um grito solene da nação, não a eterna nação do futuro, mas a do presente porque o trem da vida não se destina apenas as gerações futuras, mas é justo que atenda as gerações atuais.

Não quero ficar a toa na vida debruçado numa janela mesmo ao lado de um grande amor, só para ver a banda passar. O Brasil do presente só será bom no futuro se hoje partirmos para uma ação conjunta que restabeleça o ordenamento de valores e cada um cumpra com o seu dever nos limites de sua realidade, seja ela pequena ou grande, seja subordinada ou de domínio.

Meu estímulo nesta noite é para que não mais fechemos nossa janela em nossa viagem, não mais façamos tricô ignorando o inóspito que passa do lado de fora, mas busquemos nas mais simples iniciativas a contribuição para o BRASIL DO PRESENTE.

A valorização da família e a recuperação da sua mais absoluta hierarquia certamente redundará no bem da nação porque só existirá nação forte se suas famílias forem fortes e bem organizadas.

Muito obrigado.

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