Meus irmãos da Reserva, da Ativa e a todos os Brasileiros de Bons Costumes.
Vale a pena ler com calma cada linha abaixo.
Tem o meu integral apoio.
Viva as Forças Armadas. Viva o Brasil e o seu POVO Democrático.
Sérgio L. B. Capovilla
Assunto: RESPOSTA A Carta Capital 668
Enviada: 17/10/2011 00:58
Senhor LEANDRO
FORTES, repórter da revista Carta Capital. Sobre reportagem de sua autoria na
edição n° 668, de 19 de outubro de 2011, gostaria de levar ao seu conhecimento
que se segue:
Uma vez que o
senhor leu, mesmo que por alto, esse Manual de Campanha que tanto detrata em sua
reportagem, deve então saber que seu trabalho enquadra-se na técnica de
propaganda conhecida como “propaganda divisionista”. Isto é, um textozinho que
se mostra indisfarçável na sua intenção de atingir os militares, com o intuito
de afastá-los ou indispô-los contra a sociedade. Por isso,
divisionista.
Usando uma
técnica de contrapropaganda que senhor conhece, vou tentar rebater ponto a ponto
, parágrafo por parágrafo, as insanidades por você escritas, mas sei que, como
nas tantas outras reportagens do estilo dessa sua, que nem novidade é,
será gastar muita pólvora com tico-tico.
Começo pelo fim. Quando o senhor desconsidera o
Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx) que teria terminado uma nota
à sua revista com o que o senhor considera como uma ameaça, saiba (sim, porque o
senhor provou que não sabe) que o que ali está dito nada mais é do que um
parágrafo do Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro de 2002 (Dispõe sobre a
salvaguarda de dados, informações, documentos e materiais sigilosos de interesse
da segurança da sociedade e do Estado...) assinado pelo então presidente Lula.
Diz o Decreto: Art° 37 – Parágrafo 1°... “Todo aquele que tiver
conhecimento, nos termos deste Decreto, de assuntos sigilosos, fica sujeito às
sanções administrativas, civis e penais, decorrentes da eventual divulgação dos
mesmos.” e Art° 65
“Toda e qualquer pessoa que tome conhecimento de documento
sigiloso, nos termos deste Decreto fica, automaticamente, responsável pela
preservação do seu sigilo.”
Portanto senhor
jornalista, não se trata de ameaça, senão do cumprimento do que a lei preconiza.
Caso o senhor não goste da lei, vá queixar-se a quem a fez e a sancionou, e não
venha com insinuações de baixo nível para cima de quem a cumpre.
Quanto ao título
de sua reportagem – caso o senhor tenha realmente estudado o manual, como os
militares que, por dever de ofício o fazem, trata-se de uma
“generalização brilhante”, pois emprega a palavra “nós” para iludir seus
leitores. O senhor não tem procuração minha para falar em meu nome e,
certamente, no nome de tantos outros brasileiros. Ao dizer “Nós, os inimigos”, o
senhor peca novamente, por generalizar indevidamente. Eu, assim como tantos
outros brasileiros, não me considero um inimigo do Exército.
Quando o senhor
emprega erroneamente o conceito de “Forças Adversas”, deveria ter procurado
saber que esse conceito veio justamente para acabar com a antiga expressão
“inimigo interno”, antigamente usada para referência às forças citadas no manual
e que tem potencial para perturbar a lei e a ordem. Como devia ser de seu
conhecimento, a Constituição de 1988 atribuiu como uma das missões das Forças
Armadas “a garantia da Lei e da Ordem.”
Então, cabe aos
militares estudar o adversário, sob pena de prevaricar de seu dever de estarem
sempre preparados para cumprir com seus deveres constitucionais. O senhor como
cidadão, o que diria se as Forças Armadas, particularmente o Exército, fossem
chamadas a cumprir seu dever e fossem “apanhadas com as calças na
mão”?
O manual ao que o
senhor se refere não foi classificado internamente como “Reservado”. Ele foi
classificado como manda a lei, ou seja, como manda o Decreto a que já me referi.
No meu entender, acho até baixa a classificação sigilosa que lhe foi atribuída
de “Reservado”. Caberia muito bem a classificação “Confidencial”, o que lhe
restringiria mais um pouco a circulação. Talvez assim, jornalistas tendenciosos
e mal informados como o senhor não tivessem acesso ao documento. Saiba que a
classificação “Reservado” foi atribuída para facilitar a circulação “interna
corporis”. Porém, como em outras profissões, como a sua por exemplo, existem os
maus militares e – com toda a certeza – foi um desses que lhe facilitou o acesso
ao manual.
Saiba que se for
para defender a Pátria não incomoda aos militares serem chamados de paranoicos.
Não mesmo. O que interessa aos militares é cumprir a missão. Quanto a existirem
movimentos sociais, ONG e órgãos governamentais com inspiração adversa ao País
como pátria e nação, somente um ignorante pode admitir que não existam. Pelo
fato dessa minha carta ser destinado ao senhor, deixo de citar algumas dessas
organizações, mas o senhor, que se considera esperto, deve admitir que elas
existem. Certos países, bem mais desenvolvidos que o nosso, continuam adotando a
expressão “inimigos internos” (“...foreign and domestic enemies...”). O
Exército, para ser coerente com a evolução social do País, adotou a expressão
“Força adversa”, deixando a “Força oponente” apenas para os “foreign”, ou seja,
para os inimigos estrangeiros.
Quanto ao manual
ter sido aprovado por um oficial-general chefe do estado-maior do Exército,
espanta-me partir de um jornalista esta alusão. Talvez quisesse o senhor que um
manual desse nível fosse aprovado pelo “cabo das baias”? Mas no Exército não é
assim. No Exército é: “A cada um segundo seus méritos. A cada um segundo suas
responsabilidades.” E não passou desapercebida a exploração totalmente
desnecessária que a revista fez da imagem de um familiar do General. Qualquer
“zé mané” em edição gráfica saberia recortar a foto e publicar apenas a imagem
do oficial-general, que, aliás, desfruta de elevado respeito na Força e das
pessoas que com ele trabalharam.
O senhor goza de
igual respeito senhor jornalista?
Quando o senhor
fala de “expediente vetado a arapongas militares desde a Constituição de 1988”,
vê-se que nem a Constituição o senhor conhece, pois não há nada nela que trate
do assunto. Quando seu textinho fala de “política de infiltração de agentes de
inteligência militar em organizações civis, notadamente movimentos sociais e
sindicatos...”, saiba que não existe política nenhuma a esse respeito. A
conclusão esdrúxula é de sua total responsabilidade, tentando enganar seus
leitores. O senhor mesmo ao reproduzir parte do manual com alusão a essas
palavras e ações, diz que se trata do “4-6 Medidas de Contra Espionagem”, quais
sejam, medidas que podem ser adotadas para evitar a espionagem
adversa ou oponente. Seria o senhor jornalista tão ingênuo que achasse que o
Brasil ou uma instituição nacional como o Exército estariam infensos à
espionagem? Deixo de falar pelo Brasil, por não me sentir seguro para tal, mas
saiba o senhor que o Exército já foi alvo de tentativas de infiltração por
integrantes de “forças adversas”, como o crime organizado, por exemplo, ou, no
seu entender, o crime organizado não pode ser chamado de “força
adversa”?
Sobre o uso do
que preconiza o manual para orientar ações disciplinares contra oficiais da
Força, queria que o senhor soubesse que as Forças Armadas dispõem de outro
manual muito eficaz para essa finalidade que é o Regulamento Disciplinar.
O manual que o senhor tropegamente explora apenas diz os cuidados que se
deve ter para com o chamado “inimigo na trincheira”, alusão àqueles militares
que, desajustados na profissão, passam da posição de lealdade para a de
verdadeiros agentes de forças adversas: tornam-se informantes de alguns órgãos,
tentam inverter a cadeia de comando, tentam criar hierarquias paralelas, ou
envolvem-se com corrupção. Ou, no seu entender, pessoas que agem assim não podem
ser chamadas de “elementos adversos”?
Quando o senhor
faz referência à Escola Superior de Guerra, dá outra prova de total ignorância
sobre o que está tratando, uma vez que a ESG nada tem a ver com o manual.
Desafio-o a encontrar uma só referência à ESG no corpo do manual. A ESG trabalha
numa outra esfera de atribuições, tão importantes que não lhe deixa tempo para
tratar de um manual de campanha do Exército. Como se diz “no popular”, uma coisa
é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
Em seguida, esse
jornalista, consoante o tom divisionista que adota em todo o seu textinho,
procura mostrar que foi a Carta Capital que levou ao conhecimento do Ministro da
Defesa e existência do manual de Contra Inteligência e que o ministro – nada
além de sua obrigação – consultou os comandantes militares a respeito. Repito,
se fez, fez apenas sua obrigação. Ou esse jornalista acha que a cada ministro da
defesa que assume, tem-se que dar conhecimento a ele de todos os manuais
que as Forças usam? No Exército existem manuais que ensinam
como conduzir um cavalo à mão, como ajustar o tiro de Artilharia por combatente
de qualquer arma, como calcular cargas de explosivos para trabalhos de
engenharia, outro sobre toques de corneta e clarim. Será que o ministro terá
interesse em saber o que mais consta deles? Deixar de regular a sua atividade
profissional, para uma Força Armada é prevaricar. Quanto ao fato de o manual ter
sido distribuído à Marinha e à Força Aérea, o jornalista, se tivesse estudado o
assunto antes de escrever besteiras, saberia que é uma prática comum entre as
Forças Armadas trocar entre si manuais doutrinários sobre assunto que seus
respectivos órgão geradores de doutrina julguem serem de interesse
mútuo.
Esse jornalista
faz referência a Pandiá Calógeras como se ele representasse a submissão dos
militares ao poder civil, quando, na verdade, pelo menos no âmbito do Exército,
Pandiá é tido como um dos melhores ministros da guerra que a Força teve. Até
hoje existem espalhados pelo Brasil quartéis construídos num formato padronizado
no tempo de Pandiá Calógeras. Não importa se o ministro é da guerra ou da
defesa. O que importa é que ele entenda para que existem as Forças e as
respeitem quanto ao seu emprego. Já tivemos ministros que nem sabiam a diferença
entre um blindado e um carro-forte.
Caso o senhor
tivesse lido e entendido o texto do manual, sem a intenção de explorar trechos
fora do contexto, teria observado que no capítulo sobre a Contraespionagem, no
que se refere à Segurança Ativa, está-se tratando da espionagem numa das
acepções da palavra, a que trata da espionagem estrangeira no Brasil, de modo a
orientar os militares brasileiros sobre o modo como, via de regra, os serviços
de Inteligência estrangeiros atuam... e o senhor, como jornalista, deveria saber
que eles atuam exatamente como o ali descrito. Ou o senhor imagina que um adido
militar em serviço no Brasil vem para cá somente para admirar nossas belas
paisagens? Eles recrutam brasileiros e depois os infiltram onde querem. Sobre
controle da Imprensa, saiba o senhor que, infelizmente, essa própria reportagem
sua será lida pelos adidos militares em serviço no Brasil e será por eles
repassada a seus países de origem, com comentários sobre a insistência da
Imprensa brasileira em atacar suas Forças Armadas com a clara intenção de
afastá-las da sociedade e aqueles adidos que não conheciam o manual certamente
agora vão procurá-lo completo, para conhecer como funciona a contra inteligência
do Exército. Quer dizer, o senhor como jornalista brasileiro acaba de prestar um
duplo desserviço para com seu próprio País. Aproveitando, a respeito do
acompanhamento de militares estrangeiros no Brasil, imagine que, certa vez,
pousou, em uma cidade importante, à noite, um avião militar estrangeiro. Um
militar desceu e imediatamente tomou um carro alugado que estava à sua espera.
Foi direto para Anápolis/GO. Anápolis/GO abriga a base aérea responsável pela
defesa aérea do Planalto Central do Brasil. Ainda, como há algum tempo atrás não
se fizesse esse acompanhamento, quando ele foi reativado, descobriu-se, em outra
cidade importante, um oficial de país estrangeiro que estava há seis anos no
Brasil. Tinha até montado uma empresa em bairro nobre da cidade. Isto, da parte
do Exército, não é espionagem. É acompanhamento.
Quando o manual
fala em “público interno”, incluindo pessoal da ativa, da reserva, reformados e
familiares de todo esse grupo, não se trata de incluir civis no sistema de
Inteligência e sim delimitar o universo de pessoas que são influenciadas e
influenciam de forma mais direta nas decisões da Força. Imagina o senhor que,
por exemplo, uma restrição ou modificação inesperada no sistema de saúde do
Exército não virá a influenciar a todos, inclusive os da ativa? Posso lhe dar
outro exemplo: minha filha cursava o primário num colégio particular em São
Paulo. Certo dia, a classe dela foi realizar um passeio de van.
Sabe aonde o colégio a levou? Para a frente da 36ª Delegacia de Polícia. E sabe
o que foi dito pela professora às crianças? Que ali funcionara um centro de
repressão da ditadura e era onde muitas pessoas tinham sofrido torturas. O
senhor veja só senhor jornalista. Crianças de curso primário. É lógico que minha
filha ao chegar em casa questionou-me a respeito. Isso a torna uma “agente de
Inteligência” sem missão definida, no dizer de suas palavras? A esposa de
militar da Reserva, ambos com idade avançada, recebe um encaminhamento
hospitalar para uma organização civil de saúde e lá ambos são destratados e mal
atendidos. Ele vai ao hospital militar que o encaminhou e faz uma reclamação
contra a clínica. Isso os torna “agentes de Inteligência” sem missão definida? O
que ele está fazendo nada mais é do que defendendo o Sistema Exército, dando
conta um contrato mal cumprido por uma das partes.
Reconhecendo que
não devo ter o alcance intelectual desse jornalista, não consigo entender o
enfoque que o senhor dá à expressão “público externo”. Se o outro universo foi
definido como público interno, o há de errado em considerar as pessoas que estão
fora desse grupo de público externo? Até onde eu sei, o que não é interno é
externo.
Entenda que –
historicamente – o Exército sempre esteve ao lado do povo que, por sua vez,
sempre pode contar com ele quando precisou. Isso é História senhor jornalista. O
senhor precisa ler melhores livros. Por mais que os livros de história modernos
tentem deturpar a História, os livros clássicos sempre ficam, a menos que alguém
já os esteja queimando, como fizeram os nazistas, e eu não saiba.
Novamente, o
senhor se esmera em parecer pouco informado ao tentar desclassificar a
preocupação que a Força tem com a espionagem em suas próprias fileiras. O senhor
deveria saber que a espionagem é um fato, um ato deliberado de quem quer alguma
coisa. Até ladrões não partem para um assalto sem colher o máximo de informações
sobre seu alvo e, se possível, procuram contar com as chamadas “informações
internas”. O senhor saberia dizer-me por que o Exército estaria livre desse tipo
de ação? Hilário não é o manual. Hilário é quem menospreza as medidas tomadas
pela Instituição em defesa de si própria. Agir diferentemente disso não seria,
no seu entender, prevaricar no exercício do dever?
Um agente
infiltrado por uma ação de espionagem não tem nada a ver com “inocente útil”,
como o senhor afirma. Um “inocente útil” pode ser um jornalista que, por meio de
suas reportagens, esteja a serviço de uma ideologia ou de grupos que o
influenciam em suas reportagens em benefício próprio. Este é o “inocente
útil”.
Quanto ao
Exército acompanhar seu público interno, não consigo ver onde estaria o erro.
Conto uma história: certa vez observou-se um militar que, do dia para a noite,
trocou seu “corsinha” 1.0 para um Toyota Camry. Primeiro, procurou-se ver se ele
tinha ganhado algum prêmio ou concurso. Depois, verificou-se que ele financiara
a compra do novo carro em prestações, que, com seu soldo, ele não poderia pagar.
A fonte do dinheiro era sua esposa, que praticava fraudes na área do turismo.
Então, senhor jornalista, onde está o mal da instituição em proteger-se ao
procurar saber da cumplicidade de um seu integrante numa fraude
rendosa?
Sobre a Contra
Inteligência Interna, quando o senhor escreve que a norma tem servido para
enquadrar militares que caíram em desgraça dentro do Exército, eu preferiria
dizer “militares que se mostraram desadaptados à profissão que escolheram” e o
lembraria que a expulsão não é um risco. A expulsão é um ato disciplinar
previsto e quem quer agir de modo contrário às normas vigentes assume o ônus por
seu comportamento. Sobre o capitão ao qual o senhor se refere não vou fazer
outros comentários. Apenas, acho que por ainda estar no serviço ativo do
Exército, ele somente deveria se deixar fotografar com a barba feita e não se
deixar fotografar tendo como fundo uma estátua de um militar. Quer dizer:
provocação pura! E nem esse jornalista deveria insinuar algo de anormal no
atropelamento do militar, dizendo que o carro que o atropelou jamais foi
identificado. O Exército ainda não tem a função de controlar as ruas da cidade.
É possível que ainda venha a ter. Afinal... é tanta missão fora da sua
destinação constitucional. Sobre as estórias do capitão, sugiro que esse
jornalista consulte os inquéritos a respeito. Caso algum deles tenha alguma
classificação sigilosa, não se intimide em descumprir a lei, publique-os. A lei
que protege documentos aos quais foi atribuído algum grau de sigilo não tem
importância para o senhor, no melhor estilo: “ A lei? Ora, a
lei!”
Em seguida o
senhor volta à questão das “forças e/ou elementos adversos”. Senão vejamos. Para
uma Força que tem a destinação constitucional de garantir a lei e a ordem, não é
lícito conhecer quem:
-pratica ocupação
e invasão de áreas públicas e/ou privadas: o senhor desconhece que isso aconteça
em nosso País quase que semanalmente?
- bloqueio de
vias de circulação: são índios cobrando pedágios ou queimando pneus em vias
federais. São movimentos sociais ocupando praças de pedágio, causando atritos
com as autoridades, sendo necessário o uso de armas de fogo.
- promoção de
greves em setores essenciais: o senhor mesmo cita a recente greve dos correios.
O senhor como um cidadão brasileiro, não julga que, num exercício de pensamento,
caso a greve dos correios persistisse, não faltaria um gaiato para pedir que o
Exército Brasileiro, por sua capilaridade em todo o território nacional,
assumisse a entrega da gigantesca demanda acumulada? É possível, pois veja: já
somos chamados a distribuir água no Nordeste, patrulhar o Morro do Alemão, a ser
guardas de parque na Marambaia, a vacinar cachorros, combater focos do mosquito
da dengue, a combater incêndios em Roraima...por que não entregar cartas? Por
fim, nesse parágrafo, por sua própria conclusão, cita um movimento social como
“inimigo”. Outra vez lanço o desafio para que esse jornalista mostre no manual
onde está escrito que o Exército tem esse movimento social como “inimigo”. A
inferência e o uso dessa palavra é totalmente sua, provando sua má-fé no trato
do assunto.
Quando esse
jornalista trata do Terrorismo, aí então, outra vez, demonstra seu total
desinteresse em informar seus leitores, senão o de atingir a credibilidade de
uma publicação de responsabilidade do Exército. Caso, mais uma vez, o senhor
tivesse lido com atenção o manual, na parte que se refere ao Terrorismo, teria
observado que certas organizações seriam sim consideradas terroristas se, e tão
somente se, recorressem a atos terroristas para provar suas ideias. Como fizeram
os palestinos durante muito tempo, como fizeram os militantes contra o aborto
nos Estados Unidos, como o fez por muito tempo o Sendero Luminoso no Peru, como
fazem as FARC na Colômbia. Todos são movimentos sociais, mas recorreram a atos
terroristas. E mais, o senhor como jornalista interessado nesses assuntos deve
saber o motivo de – até a data de hoje – o Brasil não dispor de uma lei
antiterrorista. Sabe por quê? Por que as autoridades não se entendem sobre a
definição de “organização terrorista” pois, a serem considerados os conceitos
universais de organização terrorista, certo “movimento social” como o senhor
escreve teria de ser enquadrado naquela definição. E aí como é que fica? Como em
tantos outros assuntos, as autoridades preferem fechar os olhos. Não há lobby do
Exército para a aprovação uma lei antiterrorismo. O que o Exército quer é
conhecer o oponente, senão, como combatê-lo? A exemplo de outros países, pode
sim ser necessária uma legislação especial para poder-se dar combate aos
terroristas. Haja vista os Estados Unidos que, imediatamente após os ataques
terroristas de “11 de Setembro”, instituiram o chamado Ato Patriótico, uma lei
de exceção no melhor estilo.
Mais uma vez o
senhor se esmera em descontextualizar o texto do manual ao escrever que ali está
dito que, se necessário, controlar os meios de comunicação, já que a decisão de
difundir deve estar centralizada no mais alto nível da Força. Aqui admito que o
texto do manual quis dizer uma coisa mas transmitiu outra ideia. Está-se falando
de atividades terroristas. O assunto assumiu tamanha importância depois do “11
de Setembro” que a consequência foi uma severa preocupação com esse tipo de
atividade. Daí a necessidade de não se reportar alarmes que, depois, podem
mostrar-se de menor significação, alertando ou até causando pânico na população
desnecessariamente. Quanto ao verbo “difundir”, quero crer que as pessoas que
escreveram o texto usaram-no na acepção que ele tem na Inteligência, ou seja,
dar conhecimento a agências externas ao Sistema Exército. Não
fosse assim, as agências de Inteligência mais periféricas do Sistema de
Inteligência do Exército poderiam sentir-se livres para difundir – regionalmente
– possíveis dados sobre ações terroristas, com consequências que poderiam não
ser as desejáveis.
No que diz
respeito ao Estudo de Situação de Contra Inteligência, no que diz respeito ao
campo político, volto a dizer, se esse jornalista tivesse tido o cuidado em
contextualizar as coisas talvez pudesse ter transmitido aos leitores o espírito
do que ali está escrito. Imagine o senhor se um oficial ou sargento vai comandar
uma organização militar em alguma cidade de médio ou pequeno porte sem
inteirar-se das características políticas do local. Ele poderá ser
instrumentalizado pelas forças no poder, poderá ser envolvido em rixas entre
grupos, é possível que venha a sofrer coações ou se tente influenciá-los, para o
bem ou para o mal. Existem cidades que amam seus quartéis, já em outras,
conforme a localização do quartel em área de elevado valor imobiliário ele pode
ser alvo de campanhas para a sua transferência para área menos valorizada. Sobre
o conhecimento que se deve ter sobre as organizações de trabalhadores na área de
interesse da organização militar, como os sindicatos, pelo senhor citados,
imagine o Comandante de um quartel localizado no ABC Paulista, ao avaliar sua
área de atuação, deixar de considerar a força representada por aquelas
entidades. Alguém que vá comandar um quartel incrustrado numa área indígena tem,
por obrigação, saber como a FUNAI, por exemplo, atua na área e quais as ONG ali
atuantes e que desrespeitam as leis brasileiras. O que de errado há nisso? No
meu modo de ver, isso é “agir profissionalmente”.
Encerrando,
apliquei nessas minhas considerações algumas das técnicas que o senhor mesmo
alude no seu textinho. Procurei desacreditá-lo, procurei colocá-lo em posição de
inferioridade e, acima de tudo procurei, usando a técnica de rebater ponto por
ponto, ridicularizar essa sua peça de propaganda ideológica. Uma técnica que eu
não usaria nesse caso seria a do “silêncio”, mesmo sabendo que a reportagem de
hoje embrulha o peixe de amanhã.
Eu, como militar
da Reserva tenho a prerrogativa de manifestar a minha opinião, o que é vedado ao
pessoal da ativa. Mas isto não quer dizer que falo por eles. Falo por mim e sou
o único responsável por tudo o que escrevi.
Muitas
instituições nacionais e estaduais, com certeza, mais de quinze, procuram
absorver os conceitos do Manual de Contra Inteligência do Exército, por
julgarem-no muito bem elaborado, e copiam dele procedimentos que lhes podem ser
úteis.
Qualquer país
estaria orgulhoso se seu exército dispusesse de semelhante manual. Mas, aqui no
Brasil, o que se quer é atacar o Exército nas coisas que ele tem de melhor. Uma
delas, o seu Serviço de Inteligência.
Sr. LEANDRO
FORTES. Não sei se o senhor é mais novo ou mais velho do que eu. Caso seja mais
novo, aceite um conselho: não ponha a sua pena a serviço da ideologia. Se for
mais velho, ainda dá tempo de estudar a História do Brasil nos livros antigos
que o senhor ainda deve ter.
Escrevi essa
carta aberta em respeito à minha condição de militar da Reserva e em homenagem
aos oficiais mais novos, da ativa, para que não esmoreçam diante da propaganda
divisionista de que somos alvo, quase que diariamente. Saibam que esse tipo de
reportagem nos acompanha há cerca de 30 (trinta) anos e, ao contrário de nos
dividir, só tem fortalecido o sistema de Inteligência do Exército. Ou melhor, do
Exército não. Do Brasil, pois o Exército pertence ao Brasil.
Jorge Alberto
Forrer Garcia
Coronel
Reformado
Identidade
030223822-5 Min Def
Curitiba/PR
Nenhum comentário:
Postar um comentário